Por Fernanda Castelo Branco | Blog Vontade de Viajar
“Não existe mais o conceito de viagem online. É apenas viagem. Online é a forma como fazemos qualquer coisa hoje em nossas vidas”. A pesquisadora Carolina Haro, sócia-executiva da Phocuswright, abriu sua palestra na WTM Latin America demonstrando que as tendências de tecnologia e de comportamento do consumidor estão fortemente relacionadas.
Dos viajantes brasileiros, 86% usam a internet para reservar serviços e planejar roteiros – taxa que vem registrando crescimento acelerado com a popularização dos smartphones.
O investimento em marketing digital passou de importante a indispensável para as empresas de turismo – a começar pelo desenvolvimento de um site responsivo (funcional e agradável de usar em dispositivos mobile), que se torna peça central para o bom desempenho da marca nas pesquisas orgânicas e nas redes sociais.
A parceria com criadores de conteúdo digital também pode ser estratégica para as marcas. “Os blogs de viagem são um dos mais importantes canais de divulgação e informação no turismo hoje. Temos um dado de pesquisa da consultoria Mapie que indica que 98% dos viajantes brasileiros escutam as recomendações dos blogueiros com que se identificam”, comenta a especialista.
Concentração nas reservas de hotéis
Haro apontou o movimento de concentração no mercado de reservas de hotéis: cerca de 66% das reservas acontecem via Priceline (Booking) ou Expedia. Em 2011, esses grupos respondiam por 38%. “A tendência é que os grandes grupos continuem crescendo. É preciso ter estratégia de posicionamento e se aliar a eles”.
Também uma grande potência em hospedagem, o Airbnb se destaca nesse cenário pela abordagem inteligente para conquistar espaço no mercado: seu crescimento se dá através da criação de uma comunidade e da recomendação entre usuários, o que liberta a marca de competir por SEO.
Incorporação de novas tecnologias
As tendências apresentadas pela Phocuswright na WTM tornam evidente que o turismo se tornará um setor altamente orientado por dados.
“A digitalização gera registro de dados em cada etapa. Quem souber tratar esses dados para interpretar os perfis demográficos e comportamentais, e para oferecer customização dos serviços, vai ter mais sucesso em aproveitar as oportunidades. O mercado de viagem será dominado pela estatística”, afirma Haro.
Ao debater temas como chat bots e realidade virtual, a pesquisadora cita Roy Amara: “Tendemos a supervalorizar o impacto de novas tecnologias no curto prazo e subestimar seus efeitos no longo prazo”.
Embora suas aplicações ainda sejam incipientes no mercado, as plataformas de assistentes virtuais começam a mudar o comportamento dos usuários em relação à tecnologia, assim como a realidade virtual já mostra seu potencial para influenciar a tomada de decisão no consumo de turismo e agregar às experiências do viajante.