Os 10 erros de português mais comuns em blogs de viagem

Costumo dizer que, de todos os idiomas que resolvi estudar, o Português é o mais difícil. Quase todos os dias tenho uma dúvida gramatical e, às vezes, passo horas brigando com as vírgulas. E isso porque escrevo anos.  (“Há” com agá, que fique claro.) Aliás, até neste texto você, provavelmente, vai encontrar um ou outro deslize meu.

É fácil cometer pequenos erros no nosso idioma. O uso da crase é complexo e a grafia das palavras, confusa: atenção se escreve com “cedilha” e pretensão com “esse”, embora tenham o mesmo som. Existem até regras ortográficas para isso, é verdade (substantivos derivados de verbos terminados em NDER e NDIR, como pretender ou expandir, são grafados com “s”), mas memorizar todas as normas é que são elas.

Ao escrever para revistas e jornais — não que seja mais fácil — você conta com um revisor, o que diminui o impacto das barbaridades que a gente escreve. Mas quando se é blogueiro o trabalho é solitário. No máximo, o corretor ortográfico do Word para nos ajudar. Nem sempre com eficiência. E não estou falando aqui de erros mais complexos, que fogem do senso comum. Faço uma referência aos erros de sempre, aqueles que aparecem em, pelo menos, oito de 10 blogs que leio. Todos os exemplos abaixo são reais, a maioria retirada de blogs de viagem. Veja como evitá-los:

1.  Verbo FAZER quando indica tempo decorrido vai sempre no singular:

Faz cinco dias que voltei de viagem. (correto)

Fazem 10 anos que já estou casada. (errado)

2. Verbo HAVER quando indica “existir” também permanece no singular:

Houve muitas festas no ano passado. (correto)

Desde  que me mudei para cá houveram muitas brigas no prédio. (errado)

3. Não se utiliza crase antes de palavras masculinas:

Fiz o percurso a cavalo. (correto).

Caminhamos o tempo todo à pé. (errado)

4. Uso do HÁ (verbo haver) e A (preposição).

Sempre que a frase estiver no passado ou faça uma referência a algo que já ocorreu devemos utilizar  o HÁ. Quando algo ainda vai acontecer empregamos o A.

10 anos fiz minha primeira viagem à Europa. (correto)

Daqui  cinco dias embarco para a Grécia. (errado) | Daqui a cinco dias embarco para a Grécia (correto)

Lembrete:  escrever “ 10 anos atrás” é redundância, uma vez que a palavra atrás – neste caso – também indica passado. Ou você diz “Há 10 anos…” ou “Dez anos atrás”.

5. Verbos de movimento como CHEGAR exigem a preposição A e não EM:

Chegamos a São Paulo às 22h. (correto)

Chegamos em Paris depois da greve. (incorreto)

6. A palavra GRATUITO não leva acento. A pronúncia, inclusive, é gratUito.

O ingresso é gratuito. (correto)

A entrada no museu é gratuíta. (errado)

7. Uso de ONDE e AONDE.

A palavra “aonde” só é utilizada com verbos de movimento, significa  “para onde”.

Aonde vamos? (correto) | Aonde fica seu escritório? (errado)

Onde você estava? (correto)

8. Emprego de A VER:

O problema da Índia não tem a ver com os turistas. (correto)

O problema da Índia não tem haver com os turistas. (errado)

9.  Uso do HÍFEN. As regras são muitas e confundem.

Mas é bom saber: não levam hífen MEIO AMBIENTE e PONTO DE VISTA. O sinalzinho aparece, porém, em BEM-VINDO e ANTI-INFLAMATÓRIO.

10. Ortografia do verbo QUERER. Não existe quizer ou quiz na conjugação desse verbo.

Flávio quis estudar na Espanha. (correto)

Quem quizer pode entrar. (errado)

E você, tem alguma dica que nos ajude a escrever melhor? A caixa de comentários é toda sua!

____________________

Sílvia Oliveira é jornalista, blogueira e Presidente da ABBV. Há 10 anos escreve sobre turismo e desde 2006 edita o blog Matraqueando, especializado em viagens e comidinhas.  Mas até hoje não conseguiu memorizar as regras do hífen.

Foto: Stock.Xchng | Image Bank

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Respostas de 36

    1. Mirela, sua despedida deveria ser: “Valeu, Silvia.”
      Com a vírgula antes do nome.
      Quem discordar, que me corrija.

  1. Silvia, depois das novas regras para a ortografia, até querendo acertar a gente erra. Infra-estrutura, por exemplo,perdeu o hífen e agora é infraestrutura. Aliás, esse tal hífen tem me infernizado muito!

      1. Sílvia, um dos melhores textos em blogs de viagem que conheço é o seu. Além de livre e divertido, é muito correto. Isso de confundir o hífen é comum, até porque as regras mudaram muito e mesmo o leitor culto não se sente “ofendido” se ler infra-estrutura ou infraestrutura. Feio mesmo é ver bloguerio de viagem escrevendo “excurÇão”.

  2. Eu e meu marido temos um blog, que atualizamos sempre que a loucura do dia a dia permite. Tenho o maior cuidado com esses deslizes, pois sou jornalista e estudante de Letras. Não posso deixar passar nem esses errinhos mais ‘corriqueiros’. Corrijo TODAS as portagens do blog. Leio e releio à exaustão. Pode ser que passe alguma coisa pelos meus olhos clínicos, porque sou humana, mas não é comum.

    1. Nívia,estou vibrando com essas informações da língua portuguesa.Estou aprendendo muito,pois,são tantas as regras que me sinto um errante do idioma mas,sempre, procuro escrever o mais correto possível.No seu relato,quando você fala em atualizar o BLOG não seria correto escrever “Corrijo TODAS as postagem do blog – ao invés de “Corrijo TODAS as portagem do blog , como você o fez,ou seja, postagem ao invés de portagem?

  3. Adorei! Português é bem complicado. E as maiores dificuldades no aprendizado de outros idiomas se dão quando não sabemos como é a regra em português.
    Um outro erro clássico nos blogs de viagem é a visita à danada da vinícUla, que deve produzir uns vinhos de difícil digestão!
    Bom trabalho! Um beijo
    Luciana Ferreira

  4. Muito bom. O que me deixa mais indignada é ver jornalistas ( que têm blogs de viagem ) usando crase antes de palavras masculinas. Dá vontade de corrigir, serião. “Chegar em” é um erro bem comum, mesmo em sites de responsa.

  5. Post muito interessante, mas fiquei com uma dúnida danada em relação ao verbo chegar!
    Sempre aprendi (na escola e em livros, até tenho um dicionário aqui em casa que diz isso) que chega-se em algum lugar ou de algum lugar (no sentido de retorno). O exemplo do dicionário é “chegaremos no Rio logo”.
    No Português falado em Portugal seria com a preposição “A”. Eu até uso o “A” pois em francês é assim que se utiliza para cidades, mas meus amigos professores de português sempre me corrigem quando escrevo ou falo assim, dizendo que no Brasil se utiliza preferencialmente a preposição “em” (ao contrário de Portugal). Será que essa regra mudou com a nova reforma?

    1. Milena, é verdade, a linguagem coloquial permite o “em”… soa melhor, diriam alguns. Mas a gramática normativa não permite, nunca. Chegar NO Rio significa que você chega “montada” no Rio. Mas não, você chega NO carro, NO trem, NO Ônibus… AO Rio! 🙂 E o exemplo serve para os verbos IR e VIR => “Iremos à escola amanhã” (e não NA escola) e “Viemos à praia descansar” (e não NA praia). Parece-me estranho que um professor de português corrija você neste aspecto. O que ele poderia alertar é sobre as diferenças entre o uso coloquial e o uso culto do verbo “Chegar”. Abraços!

      1. Silvia, é um assunto controverso, mas como eu disse, essa explicação está mesmo nos dicionários (o meu atual é um da Caudas Aulette) que usa exatamente esse exemplo de Chegar “no” Rio. O que alguns especialistas da língua portuguesa defendem é que enquanto no português de Portugal o verbo chegar vai ser sempre como “meta, objetivo”, lá eles usam sempre a preposição “A”, mas que no Brasil a língua evoluiu e não é mais falada nem escrita como no século XIX (mesmo que para alguns seja “bonito”), e o verbo chegar, quando se trata de alvo, lugar específico (cheguei ao Maracanã) leva a preposição, mas quando ele completa uma ação de ir ou vir de algum lugar, a expressão atual mais aceita é “em”. Já com o verbo “ir”, nenhuma confusão, ir será sempre à algum lugar… Por enquanto ninguém questiona! Até mudarem!!! Como aquelas palavras que caíram em desuso e ninguém mais lembra, e que até mesmo soam estranhas… (se alguns falam ainda “tu”, ninguém usa o vós”, e o você é completamente aceito).

  6. Ótimo post. Eu fiz uma listinha com os erros mais comuns que achei em blogs de viagem. Tem a confusão do grátis e gratuito também, muita gente usa os dois de forma errada. O “haver” em vez do “a ver ” está na moda. Tem também o “concerteza” e o “ancioso”.
    Ui. Dói até escrever.
    bjs,

  7. Milena F., sou professora universitária de língua portuguesa e, apesar de alguns gramáticos defenderem o uso do “em”, o “chegar A” é a forma correta como explicado neste artigo. O verbo “chegar” rege a preposição “a” (Cheguei a Santos). Embora seja muito comum, “chegar em” é coloquialismo, portanto, é inadequado na escrita, nem sequer permitido em redações de vestibular, por exemplo. A única exceção para o uso de “chegar em” é quando há referência a tempo (Chegar em cima da hora).

  8. Silvia,
    Já li muitos “porisso”, “derrepente”, “mais” no lugar de “mas” (e vice-versa).
    E como você, eu também brigo com as vírgulas. Perco a conta de quantas vezes consulto a gramática.
    Ótimo post!

  9. Só um esclarecimento a respeito da crase: é possível, sim, em certos casos, usar o acento grave antes de palavras masculinas. Explico: a crase pode denotar também que se quer dizer “à moda de”, como no famoso “filé à Oswaldo Aranha” (ou “filé à moda de Oswaldo Aranha. Além disso, se o acento grave estiver na palavra “àqueles”, obviamente virá antes de uma palavra masculina.

    Acho que o mais correto é apontar que a crase é a contração da preposição “a” e do artigo “a”. Na dúvida diante de uma palavra feminina, basta substituí-la por uma masculina e ver se, assim, seria usado “ao”.

  10. Fiz uma super revisão nos meus posts. Me esforço para não errar….., mas o “chegamos em” tinha lá!!!!
    Obrigada e Parabéns pela iniciativa.
    bjs

  11. Pior ainda se vc mora em um pais onde a lingua tem a origem no latim, como o portugues… a chance de se confundir é muito grande! Faço muitas pesquisas no Google quando estou escrevendo… A proposito, desculpem a falta de acentos, estou escrevendo em um teclado italiano.

    Abs!

  12. Verifique o trecho a seguir e assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:
    “___ vésperas de meu aniversário, pedi ___ minha mãe que me comprasse um livro para eu conseguir me
    ocupar na viagem ___ Santos que tanto amo e cidade onde nasci e cresci”.
    a) As; à; a.
    b) Às; à; a.
    c) Às; a; à.
    d) As; a; a.

    qual seria a alternativa certa?

    obrigada!

        1. Ele não está falando DE Santos apenas, mas, sim DA “Santos que tanto amo”. Nesse caso, a cidade sempre vai levar artigo, daí a crase.

  13. Para mim, o pior erro de português cometido hoje em dia (aliás, é mais que um erro: é um vício de linguagem) é o uso dos pronomes pessoais do caso reto como objeto direto. Eu acho isso um verdadeiro horror que empobrece a língua portuguesa. por exemplo: “eu vi ela” (que horror!), quando o correto é dizer “eu a vi”.

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